Você chegou ao meio de um tsunami.
Meu navio, a deriva: sem rumo, sem plano de viagem, sem destino.
A tripulação
havia abandonado o navio e fincado ancora em outros portos.
Um bravo marinheiro
resistia ao meu lado, mas já contaminado por tanta água que engolirá.
A sua
chegada, pra ele, foi troca de turno, pq ele nunca abandonou essa embarcação. É um bravo marinheiro.
Assim, eu sem leme, você chega e
segura a minha mão.
Por meses dividimos a mesma cama.
Eu chorava baixinho para não perturbar o seu sono. Você, grande que é, se
encolhia no canto, para abrir espaço: acreditando que aquela dor pudesse
repousar.
E esse marujo, novato, foi a grande
motivação para eu sair da cama todos os dias. Para arrumar todo convés, procurar
águas mais calmas, colocar a boia na mesa.
Como foi difícil, para ambos. Como
foi enriquecedor, para ambos.
Meus bravos marinheiros |
Enquanto o velho Almirante e o seu
Imediato questionavam a chegada do novo marujo naquela tempestade, o capitão
tinha certeza: há (e haverá) lugar pra
ele sempre, desde o primeiro colo.
Eu, totalmente perdida dentro de
mim. Você, totalmente perdido, na cidade.
E nessa confusão geral o AMOR nos
conduziu.
O RESPEITO nos guiou.
A CUMPLICIDADE silenciosa estendeu a mão.
O
CUIDADO, bilateral se instalou. Ora pra um, ora pra outro.
Quantas vezes saí do minha catarse
para pegar você no ponto final do ônibus? Santa terapia.
O tempo passou e todo nosso
encontro de vida, desde a barriga do “imediato” virou ponte sólida. Nela
atravessei para mim mesma. Nela você ganhou rua, ganhou mundo.
Vi o novato marujo, CRESCER. Aquele
garoto tímido e inseguro deu lugar ao homem. O corpo encurvado, alongou-se e
nesse processo, tudo ganhou nova forma.
O lay out é outro. Mais despojado,
mas real com o ser que mora aí. As descobertas: inúmeras.
Aqui você se fez macho. Aqui você
abandou a escolinha e tornou-se universitário, na maior grandeza da palavra.
Aqui você imprimiu a sua marca. A sua qualidade de gente. A sua beleza do
ser.
Como te admiro, querido. Como amo você. O sentimento é de
mãe. Mãe galinha também.
E nesse desabrochar profundo, reconheci sempre em ti, o melhor do seu
Almirante e o melhor do seu Imediato.
Você traz em si, a força do Petit e a
sensibilidade da Leiloca.
Não podemos esquecer-nos dos
entreveros. Dos tantos incêndios na casa de máquina. Mas em cada um deles, crescemos.

E finalizo com a ordem do dia desse
navio: Eu, Tereza, mãe adjunta do Rafa, decreto: essa casa é sua, filho. Cada
vez que desembarcar aqui, a mãe vai estar de braços abertos para receber
aquele, que se tornou o meu caçula e o capitão da sua própria embarcação.