28 de out. de 2020

C O V I D | VAZA!

 



Covid, eu te convido a se retirar. Leva com você a rosa que desabrochou enquanto você me abraçava, roubava a minha energia, me assombrava e me jogava onde não queria estar.

Covid, você insiste em ficar. Cada dia uma dor diferente, você acessa mais que o corpo físico. Mas digo aqui, essa cama não tem espaço para você. Retire-se. Me deixa respirar. Preciso descansar.



Covid, seu fdp insistente. Saiba que, minha fé é maior que você. Minha rede terráquea é poderosa; a espiritual, gigante. Exércitos de médicos, amigos, família e anjos. Ah, os anjos. E o que falar dos fiéis escudeiros? 

         

                                  
                                                                                                                                             

Covid, vamos para mais um dia. Cansada sigo, dor ainda, mas a chave virou. Me agiganto na certeza de que não estou só e que essa batalha será vencida.





Covid, vaza!



 

2 de out. de 2020

Leiloca, feliz aniversário!

 







Três de outubro, pra mim, representa gratidão.

E agradeço a sua vida, Leiloca.

Você que é irmã, amiga e também anjo da guarda.

A alegria pontua o nosso encontro, que caminha para os trinta anos.

Quantas gargalhadas, farras, abraços fortes, sem esquecer do colo farto, esporro na hora certa, acolhimento sempre. 

Somos a certeza que a amizade é o mais puro amor. Contamos uma com a outra sem escolher a situação.

A confiança construída é estrada segura que transitamos com total leveza, transparência e entrega.

Feliz aniversário, Leiloca. Vida longa.

PS: Festeja, festeja muito, porque se tem alguém que adora aniversário - é você.

Lembra o quanto adorávamos as festas de aniversários das crianças? Hahaha. Boas histórias! 

03.10.2020

21 de ago. de 2020

Quando eu quiser falar com Deus...

 

Sete da matina e eu já na rua, destino: Grumari. Sexta chuvosa, nuvens ameaçadoras, uma vastidão de mata deserta. Santo privilégio.

O mar não estava pra peixes e nem surfistas.

Ando pra cá, ando prá lá, chafurdo na lama e me deparo com a porta do céu. Nem anjos, nem querubins, mas a natureza pulsante, viva, colorida e abençoada.

Duas horas de puro encantamento. Retorna para a labuta diária com a alma leve e em profunda gratidão.











15 de jul. de 2020

Relicário (quarentena)


Nesse céu estrelado deitei os meus sonhos mais profundos.
Subi nesse balão e viajei pelo prazer do meu ser. Hoje quando a ausência é a presença mais profunda essas estrelas me amparam e me fazem acreditar que é possível toda  impossibilidade.


Nessa casa construí um relicário. Cada peça que hoje enfeitam a minha alma tem uma história de superação, um choro liberado das entranhas, quantas catarses vivenciei nessa última década. A esperança sempre permeou essa moldura. Ora vibrante, ora um fiapo de luz. 

Essa oscilação me acompanha e quando penso que a estrada ganhou lastro me sinto amedrontada e encolhida, a mercê do que não tenho como definir. Mas agradeço o feito. 

Agradeço os anjos terráqueos que me abraçaram e fizeram das suas asas o impulso para o meu voo.


A quarentena me permitiu validar o relicário onde descanso. Cores, muitas cores. A natureza entra por uma fresta de janela e me faz observar a força raiz que habita em meus recantos.

Como amo esse acolhimento quando passo por essa porta (pintada por mim) e aquecida por Deus.

Hoje desejo não desejar, mas apenas confiar que tudo que me será dado tem realmente uma direção mundial plena de sabedoria. 

As incertezas são muitas diante da minha fé pequena, que no momento seguinte se agiganta - quando pulsa a presença divina e sopra no meu ouvido: confiança na ajuda sempre presente do mundo espiritual.

Ahh, pai, pensei que jamais reconstruiria o ninho. Precisei me desfazer. Precisei acender fogueira e exorcizar aquela dor que me dilacerava. 

A força dessa chama reverbera nos meus batimentos cardíacos. Aquece. Vitaliza. E me alerta: ainda não acabou.

Com certeza não. Mas clamo por trégua. Deitar e acordar e me deliciar com os tons fortes e tão eu que tingem minhas paredes.

Mas também sei que nada terá valor se a coragem me faltar. E sinto que não me falta... Essa valentia corre em minhas feias. Mas por ora preciso descansar no seu colo, Pai.



30 de jun. de 2020

7.9




Nossa diferença de idade é de 18 anos. E hoje quando paro para pensar nesse pai menino, quanta gratidão. 

Nessa foto como vovó, você com 21 anos (já com segundo filho) e eu sentadinha ali. Nos meus 15 anos, você tinha 33 anos. No meu casamento, 41.

Jovem sempre. Jovem agora com uma filha de quase 61. E como é bom tê-lo aqui. E mais gostoso ainda é ser recebida sempre por você como a sua eterna menina, sua Tete. Assim você me vê e sente. Um privilégio. Uma honra absoluta.

Meus cabelos estão mais brancos que o seu e parecemos irmãos, hein!
Muito lindo tudo isso.

Que possamos seguir assim: envelhecendo juntos. 

E saiba que o seu colo será sempre o melhor lugar do mundo. 

Te amo, pai.
(Mãe, sem ciúmes, hoje o dia é dele - hahaha)

11 de jun. de 2020

U N I C I D A D E


Se queremos alcançar uma compreensão
viva da natureza,
devemos nos tornar tão flexíveis e
móveis quanto a própria natureza.  
Goethe
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A natureza sempre me encantou e sinto que em meio a pandemia e isolamento social - ela me salvou. Mas que isso, ela me absorveu, nos conectamos, e em um dado momento o observador se vê observado, e no momento seguinte integrado, uno, pertencente.





Há 100 dias que observo a natureza diariamente. No primeiro momento como uma forma de me distanciar da pandemia e me interligar com o belo. Imediatamente percebi que voltava com o coração em paz e a alma alimentada.




Saia para fotografar, e pela lente, não da câmera, mas de algo mais profundo, interno, visceral - absorvia toda aquela fauna e flora de outro lugar. Lembrei da aula da Formação Biográfica (Juiz de Fora) e percebi que aquele conhecimento adquirido só floriu agora. A compreensão da observação goethiana se deu de dentro pra fora, longe das apostilas e livro.





Dia a após dias, a cada registro, ia metamorfoseando em total integração com o ambiente. 





Hoje, 11 de junho de 2020, enquanto observava o voo de um gavião (por duas ou três horas - debruçada sobre o deck de um parque florestal vazio), tudo foi se distanciando: a câmera, a minha materialidade, e enquanto mais percebia os detalhes das asas, bico, do mergulho para pescar, do pouso, da força daquela presença, me senti também observada.





Quem observava quem?
A tal observação esgotou-se. 
Brota a integração, a harmonia, o pertencimento a esse universo. Essa coabitação perfeita. A sensação é de estarmos todos em casa. Confortavelmente em casa com quem se ama, se respeita e admira.  






E esse sensorial foi global (tenho certeza) para todos nós que estávamos ali naquele momento: flores, água, mata, gavião, garça, pato, colhereiro, marreco... e sem esquecer dos seres suprassensíveis.




Escrever sobre essa comunhão, sobre essa fração do tempo, que não sei precisar de quanto, é uma baita tarefa e longe do que meu Ser vivenciou.
Voltei pra casa assentada dentro do meu templo. 

Senhoras e Senhores, que sensação foi essa? 

A gratidão brotou e as lágrimas também.
E quanto mais agradecia – voltei aquela aula da Escola de Juiz de Fora. Mas essa aula eu fiz hoje. E que aula, meu Deus.



U N I C I D A D E

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8 de jun. de 2020

Brava gente brasileira



A pandemia por si já é o avesso do que queremos. Ela chegou varrendo o planeta, assustando os mais otimistas, revirando estômagos e a forma que conhecíamos de levar a vida. Mas antes disso tudo, o planeta já sinalizava; em muitos locais o meio ambiente já vivia a sua própria pandemia, da exploração desenfreada, tratando todas as reservas naturais com infindáveis. 

Nós fizemos isso, cada humano. Nos colocamos como donos da terra, quando somos inquilinos e daqueles maus pagadores, na sua grande maioria.

Vimos cada continente sofrer com uma doença que não poupa ninguém. Vimos também ações humanitárias, direcionamentos assertivos de muitos governos e chegamos a ter esperança de que também estaríamos bem amparados com a equipe de saúde.

Ruiu. Ruiu como castelo de cartas. Sem direção. Sem posicionamento. Sem liderança. Sem ciência. Sem humanidade. Sem saúde. Sem ministério. Sem presidente. Sem vergonha. Sem Ética. Sem Empatia.

Naquela hora em que forças se unem nos quatro cantos do planeta, se abraçam, ignoram as diferenças em prol da coletividade, trancam nas gavetas a rivalidade política e manter a VIDA é a única bandeira que agrega muitos nessa batalha.

Por aqui... nós demitimos ministros, trocamos, demitimos, foram ignoradas todas as recomendações sanitárias. Quem deveria ser o líder da nação se mostrou pequeno, mesquinho, vingativo e com um plano maquiavélico traçado. Nada está solto, esses fios estão todos costurados com esmero por uma corja eleita pelo povo. Meu voto não teve – sempre soube que corríamos risco grave, mas não imaginava o tamanho da falência moral.

Da gripezinha ao “pocotó pocotó” na esplanada dos ministérios quantas cenas de terror vivenciamos, e não estou falando ainda da dor das famílias, do sofrimento de brasileiros em todo território nacional, das covas coletivas, dos hospitais de campanhas fantasmas, de gente morrendo nos corredores porque os profissionais de saúde, na sua luta inglória não tem como dar o atendimento digno que aquele ser necessita.

BRAVA GENTE BRASILEIRA: essa equipe de saúde nas trincheiras dos hospitais que também perece, sofre, adoece. Esse exército que luta sem as “armas” que precisa para salvar vidas e derrotar o inimigo.

GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA: esse povo sofrido, iludido, que pede socorro e encontra a morte, além covid-19, dentro de suas casas. Salve, todos os “João o Pedro” dessa nação.

DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO: o capitão do mato, Jair Bolsonaro e todos os seus capatazes insanos.

VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA: Não fugimos.  A nossa força é a energia motriz para reconquistar cada território perdido para esse governo ditatorial, fascista e doente.

#somos70PorCento


31 de mai. de 2020

Construção


Essa casa é viva.

Ora, poesia inacabada, escrita (dia a dia) com alegria e ternura. Ora, oficina, marcenaria bruta, sólida, artesanal e resistente as intempéries.

Aqui se planta, se cultiva, se colhe.

Essa casa é casa.
Que abriga, aquece e protege.


Essa casa é como o amor, precisa da poesia para florir; da solidez para se manter; da semeadura para brotar a cada estação.














15 de mai. de 2020

Glocalização



E o dia amanheceu assim: nublado, chuvoso e revigorante.

Perceber a beleza dos detalhes tem me abastecido. Em casa, na mata em frente à minha varanda e dentro de mim - a natureza se mostra pulsante.

 
Tempos difíceis.

Os maus tratos ao planeta nos últimos séculos culminaram nesse ponto crítico em que vivemos.
Nada voltará ao normal novamente. E o novo normal poderá ser a reconstrução e ela passa pelo individuo primeiramente.

Finda o conceito de globalização nos termos que conhecemos e precisa emergir a glocalização.
 
O diálogo entre o global e local deve ser ponto de partida.
Valorização do nosso quintal sem perder a ligação com o universo como célula única.

Minha tarefa. Sua tarefa. Tarefa de todos nós.

 





12 de mai. de 2020

Break (E segue a quarentena)

 


Isolamento social não é fácil. Sou agitada, ativa e com uma rotina exigente. De repente - break.

Busquei o belo.

Observar a natureza da minha pequena varanda, perceber a mudança, as novas espécies de aves que passaram a me visitar tem sido balsamo.

 Quanto mais entediada, mais foto.

Espalhei comedouros pela varanda, janelas e aguardei.

E a dança de tantas asas enfeitou meu dia.

Além dos habituais: cambacica e beija-flor, o gavião caboclo passou a rondar por aqui. Até́ os morceguinhos aproveitaram o banquete.

A natureza é inspiradora em todos os sentidos. E eu sigo agradecendo cada clique, que me tira da ansiedade e me coloca em um estado quase meditativo.

  E assim volto para o trabalho em home office com muito mais produtividade. Assim seja sempre.