Carnaval é festa, é alegria, é ritmo, é o povo na rua. Na
Sapucaí, no Rio de Janeiro, diz-se que é o maior espetáculo da terra. E realmente
é de tira o fôlego. Quanta criatividade. Quanta beleza. Quanta força.
E no meio de tanto brilho, cor e purpurina: protesto, dor,
lamento. A miséria carioca, com toda sua brutalidade instalada, deu o tom. Passistas
e abre alas, sambaram e desfilaram a sua angústia diante de dias tão sombrios.
Entrou em cena a realidade diária de uma cidade cosmopolita.
A comunidade colocou o bloco na rua.
Violência, preconceito, intolerância, corrupção, ganância,
injustiça levantaram a arquibancada.
A falta do arroz com feijão, do remédio na hora certa, o
desmantelo dos hospitais. A guerra urbana que faz com que crianças nas salas de
aulas desviem de bala partida e também da esperança de um futuro mais acolhedor. É PROIBIDO SONHAR.
E esse grito preso na garganta, explodiu.
Veio a tona, com
emoção, choro... e acima de tudo com a
beleza de uma gente brilhante, guerreira, que revirou a alma de tantos.
O que
vi em muitos olhares, foi BRIO, raça e orgulho. Cabeça erguida, braços abertos
para receber o que lhe é de direito: RESPEITO, direitos iguais, direitos civis.
#ANO ELEITORAL, gente.
A história também foi saudada. Dos calabouços emergiu mais lamento e dor. O passado ecoou no
presente e revelou um novo quilombo.
O QUILOMBO DAS FAVELAS rasgou a passarela do samba. O
capataz de hoje, usa colarinho branco e chicoteia a nação. #ELEIÇÃO, gente.
E a fé, ah...sempre ela. Que move mais que montanhas,
impulsiona, faz acreditar, dá esperança e proteção para nós todos. O samba também
colocou a gratidão no seu lugar, no coração.
Cantamos "Namastê", sentimos nas entranhas a
energia do bem, da luz. Por um momento, a escuridão clareou... e demos passagem
para o canto.
Já o LAMENTO, foi
depositado em um altar sagrado, onde o sacro
e o profano, deram as mãos recitando a mesma oração: PAI, ROGAI POR NÓS..
Qual a Escola de Samba vai ganhar?
Não sei.
Assisti a todos.
Vibrei, dancei, chorei, me emocionei com o compasso dessa
gente linda.
Gargalhei em tantos momentos.
Mas posso afirmar, ganhou a beleza de nossa gente. Ganhou a
cultura popular.
Carnaval também é isso, um tirar de máscaras e se despir de tantas fantasias.
Carnaval também é isso, um tirar de máscaras e se despir de tantas fantasias.
Lembrei de você, Leon.
Mais uma vida perdida
para a violência.
Por Tereza Dalmacio