13 de fev. de 2018

Carnaval é isso: um tirar de máscaras e se despir de tantas fantasias.





Carnaval é festa, é alegria, é ritmo, é o povo na rua. Na Sapucaí, no Rio de Janeiro, diz-se que é o maior espetáculo da terra. E realmente é de tira o fôlego. Quanta criatividade. Quanta beleza. Quanta força.

E no meio de tanto brilho, cor e purpurina: protesto, dor, lamento. A miséria carioca, com toda sua brutalidade instalada, deu o tom. Passistas e abre alas, sambaram e desfilaram a sua angústia diante de dias tão sombrios.

Entrou em cena a realidade diária de uma cidade cosmopolita.  A comunidade colocou o bloco na rua. 

Violência, preconceito, intolerância, corrupção, ganância, injustiça levantaram a arquibancada.

A falta do arroz com feijão, do remédio na hora certa, o desmantelo dos hospitais. A guerra urbana que faz com que crianças nas salas de aulas desviem de bala partida e também da esperança de um futuro  mais acolhedor. É PROIBIDO SONHAR.

E esse grito preso na garganta, explodiu. 

Veio a tona, com emoção, choro...  e acima de tudo com a beleza de uma gente brilhante, guerreira, que revirou a alma de tantos. 

O que vi em muitos olhares, foi BRIO, raça e orgulho. Cabeça erguida, braços abertos para receber o que lhe é de direito: RESPEITO, direitos iguais, direitos civis. #ANO ELEITORAL,  gente.

A história também foi saudada. Dos calabouços  emergiu mais lamento e dor. O passado ecoou no presente e revelou um novo quilombo.

O QUILOMBO DAS FAVELAS rasgou a passarela do samba. O capataz de hoje, usa colarinho branco e chicoteia a nação. #ELEIÇÃO, gente.

E a fé, ah...sempre ela. Que move mais que montanhas, impulsiona, faz acreditar, dá esperança e proteção para nós todos. O samba também colocou a gratidão no seu lugar, no coração.

Cantamos "Namastê", sentimos nas entranhas a energia do bem, da luz. Por um momento, a escuridão clareou... e demos passagem para o canto.

Já o  LAMENTO, foi depositado em um  altar sagrado, onde o sacro e o profano, deram as mãos recitando a mesma oração: PAI, ROGAI POR NÓS..

Qual a Escola de Samba vai ganhar?

Não sei.

Assisti a todos.

Vibrei, dancei, chorei, me emocionei com o compasso dessa gente linda.

Gargalhei em tantos momentos.

Mas posso afirmar, ganhou a beleza de nossa gente. Ganhou a cultura popular. 

Carnaval também é isso,  um tirar de máscaras e se despir de tantas fantasias.










Lembrei de você, Leon. 
Mais uma vida perdida 
para a violência.

Por Tereza Dalmacio