30 de jun. de 2020

7.9




Nossa diferença de idade é de 18 anos. E hoje quando paro para pensar nesse pai menino, quanta gratidão. 

Nessa foto como vovó, você com 21 anos (já com segundo filho) e eu sentadinha ali. Nos meus 15 anos, você tinha 33 anos. No meu casamento, 41.

Jovem sempre. Jovem agora com uma filha de quase 61. E como é bom tê-lo aqui. E mais gostoso ainda é ser recebida sempre por você como a sua eterna menina, sua Tete. Assim você me vê e sente. Um privilégio. Uma honra absoluta.

Meus cabelos estão mais brancos que o seu e parecemos irmãos, hein!
Muito lindo tudo isso.

Que possamos seguir assim: envelhecendo juntos. 

E saiba que o seu colo será sempre o melhor lugar do mundo. 

Te amo, pai.
(Mãe, sem ciúmes, hoje o dia é dele - hahaha)

11 de jun. de 2020

U N I C I D A D E


Se queremos alcançar uma compreensão
viva da natureza,
devemos nos tornar tão flexíveis e
móveis quanto a própria natureza.  
Goethe
*************************************


A natureza sempre me encantou e sinto que em meio a pandemia e isolamento social - ela me salvou. Mas que isso, ela me absorveu, nos conectamos, e em um dado momento o observador se vê observado, e no momento seguinte integrado, uno, pertencente.





Há 100 dias que observo a natureza diariamente. No primeiro momento como uma forma de me distanciar da pandemia e me interligar com o belo. Imediatamente percebi que voltava com o coração em paz e a alma alimentada.




Saia para fotografar, e pela lente, não da câmera, mas de algo mais profundo, interno, visceral - absorvia toda aquela fauna e flora de outro lugar. Lembrei da aula da Formação Biográfica (Juiz de Fora) e percebi que aquele conhecimento adquirido só floriu agora. A compreensão da observação goethiana se deu de dentro pra fora, longe das apostilas e livro.





Dia a após dias, a cada registro, ia metamorfoseando em total integração com o ambiente. 





Hoje, 11 de junho de 2020, enquanto observava o voo de um gavião (por duas ou três horas - debruçada sobre o deck de um parque florestal vazio), tudo foi se distanciando: a câmera, a minha materialidade, e enquanto mais percebia os detalhes das asas, bico, do mergulho para pescar, do pouso, da força daquela presença, me senti também observada.





Quem observava quem?
A tal observação esgotou-se. 
Brota a integração, a harmonia, o pertencimento a esse universo. Essa coabitação perfeita. A sensação é de estarmos todos em casa. Confortavelmente em casa com quem se ama, se respeita e admira.  






E esse sensorial foi global (tenho certeza) para todos nós que estávamos ali naquele momento: flores, água, mata, gavião, garça, pato, colhereiro, marreco... e sem esquecer dos seres suprassensíveis.




Escrever sobre essa comunhão, sobre essa fração do tempo, que não sei precisar de quanto, é uma baita tarefa e longe do que meu Ser vivenciou.
Voltei pra casa assentada dentro do meu templo. 

Senhoras e Senhores, que sensação foi essa? 

A gratidão brotou e as lágrimas também.
E quanto mais agradecia – voltei aquela aula da Escola de Juiz de Fora. Mas essa aula eu fiz hoje. E que aula, meu Deus.



U N I C I D A D E

********************************************


















8 de jun. de 2020

Brava gente brasileira



A pandemia por si já é o avesso do que queremos. Ela chegou varrendo o planeta, assustando os mais otimistas, revirando estômagos e a forma que conhecíamos de levar a vida. Mas antes disso tudo, o planeta já sinalizava; em muitos locais o meio ambiente já vivia a sua própria pandemia, da exploração desenfreada, tratando todas as reservas naturais com infindáveis. 

Nós fizemos isso, cada humano. Nos colocamos como donos da terra, quando somos inquilinos e daqueles maus pagadores, na sua grande maioria.

Vimos cada continente sofrer com uma doença que não poupa ninguém. Vimos também ações humanitárias, direcionamentos assertivos de muitos governos e chegamos a ter esperança de que também estaríamos bem amparados com a equipe de saúde.

Ruiu. Ruiu como castelo de cartas. Sem direção. Sem posicionamento. Sem liderança. Sem ciência. Sem humanidade. Sem saúde. Sem ministério. Sem presidente. Sem vergonha. Sem Ética. Sem Empatia.

Naquela hora em que forças se unem nos quatro cantos do planeta, se abraçam, ignoram as diferenças em prol da coletividade, trancam nas gavetas a rivalidade política e manter a VIDA é a única bandeira que agrega muitos nessa batalha.

Por aqui... nós demitimos ministros, trocamos, demitimos, foram ignoradas todas as recomendações sanitárias. Quem deveria ser o líder da nação se mostrou pequeno, mesquinho, vingativo e com um plano maquiavélico traçado. Nada está solto, esses fios estão todos costurados com esmero por uma corja eleita pelo povo. Meu voto não teve – sempre soube que corríamos risco grave, mas não imaginava o tamanho da falência moral.

Da gripezinha ao “pocotó pocotó” na esplanada dos ministérios quantas cenas de terror vivenciamos, e não estou falando ainda da dor das famílias, do sofrimento de brasileiros em todo território nacional, das covas coletivas, dos hospitais de campanhas fantasmas, de gente morrendo nos corredores porque os profissionais de saúde, na sua luta inglória não tem como dar o atendimento digno que aquele ser necessita.

BRAVA GENTE BRASILEIRA: essa equipe de saúde nas trincheiras dos hospitais que também perece, sofre, adoece. Esse exército que luta sem as “armas” que precisa para salvar vidas e derrotar o inimigo.

GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA: esse povo sofrido, iludido, que pede socorro e encontra a morte, além covid-19, dentro de suas casas. Salve, todos os “João o Pedro” dessa nação.

DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO: o capitão do mato, Jair Bolsonaro e todos os seus capatazes insanos.

VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA: Não fugimos.  A nossa força é a energia motriz para reconquistar cada território perdido para esse governo ditatorial, fascista e doente.

#somos70PorCento