11 de jun. de 2020

U N I C I D A D E


Se queremos alcançar uma compreensão
viva da natureza,
devemos nos tornar tão flexíveis e
móveis quanto a própria natureza.  
Goethe
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A natureza sempre me encantou e sinto que em meio a pandemia e isolamento social - ela me salvou. Mas que isso, ela me absorveu, nos conectamos, e em um dado momento o observador se vê observado, e no momento seguinte integrado, uno, pertencente.





Há 100 dias que observo a natureza diariamente. No primeiro momento como uma forma de me distanciar da pandemia e me interligar com o belo. Imediatamente percebi que voltava com o coração em paz e a alma alimentada.




Saia para fotografar, e pela lente, não da câmera, mas de algo mais profundo, interno, visceral - absorvia toda aquela fauna e flora de outro lugar. Lembrei da aula da Formação Biográfica (Juiz de Fora) e percebi que aquele conhecimento adquirido só floriu agora. A compreensão da observação goethiana se deu de dentro pra fora, longe das apostilas e livro.





Dia a após dias, a cada registro, ia metamorfoseando em total integração com o ambiente. 





Hoje, 11 de junho de 2020, enquanto observava o voo de um gavião (por duas ou três horas - debruçada sobre o deck de um parque florestal vazio), tudo foi se distanciando: a câmera, a minha materialidade, e enquanto mais percebia os detalhes das asas, bico, do mergulho para pescar, do pouso, da força daquela presença, me senti também observada.





Quem observava quem?
A tal observação esgotou-se. 
Brota a integração, a harmonia, o pertencimento a esse universo. Essa coabitação perfeita. A sensação é de estarmos todos em casa. Confortavelmente em casa com quem se ama, se respeita e admira.  






E esse sensorial foi global (tenho certeza) para todos nós que estávamos ali naquele momento: flores, água, mata, gavião, garça, pato, colhereiro, marreco... e sem esquecer dos seres suprassensíveis.




Escrever sobre essa comunhão, sobre essa fração do tempo, que não sei precisar de quanto, é uma baita tarefa e longe do que meu Ser vivenciou.
Voltei pra casa assentada dentro do meu templo. 

Senhoras e Senhores, que sensação foi essa? 

A gratidão brotou e as lágrimas também.
E quanto mais agradecia – voltei aquela aula da Escola de Juiz de Fora. Mas essa aula eu fiz hoje. E que aula, meu Deus.



U N I C I D A D E

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