Parenta,
Ler você me transportou a essa rua, de tantos risos, luz e
brincadeiras.
Ao fundo ouço, voz de mãe ou um “sutil” berro...?
-Entra criança, está na hora do banho!
E assim seguimos moldando o ser que somos. E assim seguimos,
nos reconhecendo um no outro. E assim foi... tudo mudando.
E em mais um belo dia saímos para as calçadas sem perceber
que aquele seria o último encontro. Meninos, meninas, um bando de irmão de
vizinhança. Quanta traquinagem! Quantos namoricos! Quantas frutas tiradas do
pé!
Ah, José Liberato, das pedras de paralelepípedo, das casas baixas,
dos quintais do tamanho do mundo, das mães amigas, da vida que seguia devagar.
Não preciso citar nomes, quem aqui plantou suas raízes, hora
ou outra aparece e o coração palpita no tom da saudade.
Quantos já se foram e ainda habitam em nós?
Muitos, tantos, eternizados...
Nostalgia aos borbotões, histórias que passamos para filhos,
netos e uma saudade que arrebenta o peito.
Mas naquele minuto mágico, o Senhor Tempo nos faz meninas de
novo e o abraço de hoje vem carregado de certezas, de amor e de gratidão.
Obrigada, José Liberato.