23 de jul. de 2013

b a r b u l e t a ...

A transparência revela o que está para eclodir. Falta pouco e a proximidade me faz olhar para o caminho percorrido. Assim entendo todo processo e onde ele culminou. A sensação é de redenção. É de fechamento. É de virada de página.
Mas...
Precisei perder muito para me encontrar. Vixeeee!!!
- Clichê. Frase de efeito. Mentira absoluta.
 

Perdi sim, mas de uma forma totalmente “Alice de ser”. Não senti, não vi e quando dei por mim, estava sozinha para apagar a luz. Mais um clichê - mas esse é verdadeiro.

E nessa escuridão fiquei. Por um instante, totalmente imóvel, sem saber se tinha porta ou janela.
Engatinhei dentro da confusão, da gritaria... e nesse desespero interno  – S I L E N C I E I.
Tomei a contra mão.
Me recolhi, como se esperasse a tempestade passar. Mas a chuva não era de verão.
Afoguei na dor. E da minha fragilidade fiz fortaleza.
Bebi muita água. Não tinha nada a dizer a ninguém. Não tinha perguntas ou respostas rondando-me. Tinha certezas, quase absolutas: a perda é imensa, a desconstrução total, não sei que caminho tomar.
E não saber, foi a solução ou não, vai se saber. Mas conduziu-me.
E nessa condução despi-me, analisei - da trepada ao desfecho.
Sempre soube que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Mas também nunca fui muito padrão, um conceito “Tereza” de ser, posso colocar assim.
E não entendia. Mas também não me cabia mais.
Aquela célula forte, dividiu-se e enfraqueceu, por um momento.

Foi necessário entrar num casulo, cada um no seu, individualizar para poder manter o encontro de uma vida. Uns voltaram mais rápido, outros ainda precisam do isolamento... cada um no seu tempo.
- E nessa leitura até aqui...essa mesmo que seu olho vê... se está esperando aquele desfecho final feliz - uma borboleta florescente saindo do casulo...
-Lamento, é borboleta, mas a bichinha tá em outro compasso.
Mas calma...Voltemos a narrativa.
 
 A buraqueira foi grande e hoje a “misturança” me define bem mais. E como!  
Bom. Há cerca de vinte dias passei por uma cirurgia. Um procedimento simples, inicialmente, que se tornou uma cirurgia de grande porte.
Dor absoluta. Medo extremo. Insegurança.
Já em casa percebi que esse momento era ponto final, não de minha vida, mas DAQUELA vida.
Uma morte iminente.
Renasci. Ressuscitei. Sei lá.
Mas cá estou, com a legítima sensação que todo sofrimento físico cicatrizou uma alma tão mutilada, ferida, maltratada.
E essa cura - que precisou machucar a carne - cicatriza...
Não há euforia, há um aconchego íntimo, meu, indivisível...
O raio da perninha da barboleta ainda tá presa no casulo, mas é para o corpo se reabilitar.
Mas já da pra dizer: galera, estou de volta.
Ou não, vai se saber. hehehehehe
 
 

8 de jul. de 2013

Tons de cinza

No meio da dor * o encanto.
 
Encanto* de sentir assim.
 
A limitação presente - me torna alpinista de muralhas que transponho.
 
O mergulho na mais profunda cachoeira,  que me afoga na água forte, me coloca no meu lugar presente.
 
Banco de madeira. Chuveiro a cima. Pés ao chão.
 
O estar só, mas junto.
 
O olhar que me diz, siga.
 
A voz que sussurra, você pode.
 
Eu acredito. Acreditando, agradeço.

Assim, deslizo no meu próprio caminhar.

Os códigos da intimidade me definem e me traduzem.
 
Busco nesse registro a construção de casa sólida.
 
E percebo que aqui, olhando fora. Espiando dentro. A cor abre picadas que se desnuda no tom da minha vida.
 

Aquarela que está em mim, no mais pálido cinza da hora. 
 
Mas é apenas da hora.