5 de jun. de 2019

Eu estou doente.


Sim, eu estou doente.

Essa resposta proferida por mim me fez olhar pra dentro com mais propriedade. Onde adoeci?

A última década foi de profunda mudança, me virei do avesso para tentar me ver inteira; e nessa construção - com tantas peças soltas - fui obrigada a esquecer algumas pra poder seguir.

Mas não adianta deixar cacos na estrada, abandonar aqui e ali, fingindo que não as vi cair. Estão todas aqui, clamando por seu lugar real.

Será que precisei adoecer pra ver que a luta pela sobrevivência, a busca insana para dar conta me trouxe a esse precipício onde corpo grita ferozmente?

Perceber todas as misérias sem cair na vitimização é trabalho duro e... e já realizado, creio eu.

Diante do espelho a fisionomia cansada, abatida, me faz abraçar, abraçar forte, a mulher ferida, a menina ativa, o ser em constante transformação.

Acredito que reconhecer as mazelas físicas, a sua origem, causa e consequência, me coloca mais próxima da cura. 
Árduo caminhar nesse momento.

Mas tenho também nas vísceras uma esperança juvenil, renovadora, que me faz amar... amar muito, essa mulher que nesse momento precisa descansar. Tirar férias dos problemas, da doença, de tantas ausências.

E ausência é o que tenho de mais presente hoje. Sobra faltaMas há ainda muita gratidão por ter chegado aqui, ter enfrentado um perverso rodamoinho e ter construído um novo olhar: sobre mim mesmo, a vida, o universo e tantos mistérios.

A Antroposofia tem sido bussola, mesmo quando não entendo os ponteiros de imediato.

Bom, ainda estou doente. Ainda.