Dizem por aí que envelhecer é privilégio negado a muitos. Uma
verdade para alguns e um desconforto para outros tantos. Rita Lee publicou
recentemente que “envelhecer é uma loucura, não é pra maricas.” [fico com as belas canções]
Mas voltando...eu me coloco no primeiro pelotão.
Olhar minha linha do tempo me traz conforto, por mais que tenha vivenciado rupturas, perdas e profundas transformações na minha forma de viver. Em um primeiro momento isso me foi imposto pelas circunstâncias do momento, me virou do avesso, e virou..., e vi tantos avessos que acabei sem saber qual era o lado certo.
Mas voltando...eu me coloco no primeiro pelotão.
Olhar minha linha do tempo me traz conforto, por mais que tenha vivenciado rupturas, perdas e profundas transformações na minha forma de viver. Em um primeiro momento isso me foi imposto pelas circunstâncias do momento, me virou do avesso, e virou..., e vi tantos avessos que acabei sem saber qual era o lado certo.
Mas por mais que fosse confuso e até assustador tinha uma
certa coerência interna e nesse vislumbre, tão opaco naquele instante - outro
universo foi se revelando, quase um outro mundo paralelo. Estranho sentir
assim, mas também revelador. Passei a exercer, por direito, essa casa inteira.
A sensação que trago impressa é que tudo desembocou em um rio
mais navegável e sem tantos redemoinhos. As urgências de hoje são muito mais de
ordem prática do que da aflição da alma. E
nesse contratempo ainda acelero o passo para dar conta da lida profissional: exigente, louca, mas também apaixonante... [novos caminhos que estão por vir].
E na tentativa de ser observadora da minha própria
existência, olhando de fora, de um outro ângulo, percebo severas mudanças,
belas – diga-se de passagem... pelo menos em alguns cômodos, - vai! Outros ainda precisam de mais luz, mas revelam-se pequenas
frestas, que anunciam o que tem atrás da porta.
Trabalho duro abrir espaço na escuridão. Tatear aqui e ali, na
busca desse pequeno feixe, desse minúsculo raio de sol num dia cinza de inverno.
Sem certezas nesse caminhar, mas com
profunda fé e determinação. E já sabido, pelo meu coração pensante - que tudo o que
vier será dado por uma direção mundial plena de sabedoria.
E nessa metamorfose ambulante que sou - me acolho diante do espelho - com ternura e carinho. [não é sempre assim, que fique também
registrado]. E abandono velhos hábitos e me renovo no antigo, no que veio
de outrora e tantos outros tempos. Quanto ainda a aprender. Quanto ainda a me
encantar com suas sutilezas discretas.
E nessa ampulheta - observo as minhas estações. Sigo em meu
outono e o inverno me espreita e me aguarda sem ansiedade ou sofreguidão. Assim, dei
adeus ao artificial, a dependência do que não é mais; e no jeito meu
de ser, me reinvento aos 59 anos, mantendo ao meu lado a menina pulsante,
sorriso largo e tão marciana que é - que sou - somos.
Gratidão ao vivido.
Gratidão ao que está por vir.
E que essa menina energética seja companheira em períodos tão sombrios e de muita luta.