Libertador é a palavra desse novo
ano que se inicia.
Deixar esse cabelo branco me emoldurar é resultado da minha
escolha mais serena. Estar confortável com a linha tempo, com minha ampulheta,
com essa perda da urgência, mesmo quando ainda tenho que correr tanto.
A mala
está mais leve.
Vai se deixando no caminho o que não é possível mais carregar, o que perdeu a
importância, o que não me pertence mais.
A dor já não dói tanto. E a alegria
repica no coração de uma menina arteira, hoje com 60, mas que ainda adora
brincar na rua. O lema: um dia de cada vez.
Nesse balanço da virada observar a minha biografia é exercer o mais
profundo amor e respeito por essa história de vida.
Ri mais que chorei.
Abracei mais que
empurrei.
Muitos encontros. Alguns desencontros. E tanto ainda a fazer.
Como é bom olhar essa rede que foi tecida com
muito esmero. E mesmo quando não, o bordado está lá, pra se aprender que se
pode escolher outras cores e tecer com mais afeto.
Costurar essa colcha de
retalho é como viver: sublime.