14 de jan. de 2020

Um dia de cada vez...




Libertador é a palavra desse novo ano que se inicia. 

Deixar esse cabelo branco me emoldurar é resultado da minha escolha mais serena. Estar confortável com a linha tempo, com minha ampulheta, com essa perda da urgência, mesmo quando ainda tenho que correr tanto. 

A mala está mais leve. 

Vai se deixando no caminho o que  não é possível mais carregar, o que perdeu a importância, o que não me pertence mais. 

A dor já não dói tanto. E a alegria repica no coração de uma menina arteira, hoje com 60, mas que ainda adora brincar na rua. O lema: um dia de cada vez.  

Nesse balanço da virada observar a minha biografia é exercer o mais profundo amor e respeito por essa história de vida.  

Ri mais que chorei. 

Abracei mais que empurrei. 

Muitos encontros. Alguns desencontros. E tanto ainda a fazer.  

Como é bom olhar essa rede que foi tecida com muito esmero. E mesmo quando não, o bordado está lá, pra se aprender que se pode escolher outras cores e tecer com mais afeto. 

Costurar essa colcha de retalho é como viver: sublime.

03.12.1959