Nesse céu estrelado deitei os meus sonhos mais profundos.
Subi nesse balão e viajei pelo prazer do meu ser. Hoje
quando a ausência é a presença mais profunda essas estrelas me amparam e me
fazem acreditar que é possível toda impossibilidade.
Nessa casa construí um relicário. Cada peça que hoje enfeitam
a minha alma tem uma história de superação, um choro liberado das entranhas,
quantas catarses vivenciei nessa última década. A esperança sempre permeou essa
moldura. Ora vibrante, ora um fiapo de luz.
Essa oscilação me acompanha e quando
penso que a estrada ganhou lastro me sinto amedrontada e encolhida, a mercê do
que não tenho como definir. Mas agradeço o feito.
Agradeço os anjos terráqueos que
me abraçaram e fizeram das suas asas o impulso para o meu voo.
A quarentena me permitiu validar o relicário onde descanso.
Cores, muitas cores. A natureza entra por uma fresta de janela e me faz
observar a força raiz que habita em meus recantos.
Como amo esse acolhimento quando passo por essa porta
(pintada por mim) e aquecida por Deus.
Hoje desejo não desejar, mas apenas confiar que tudo que me será dado tem realmente uma direção mundial plena de sabedoria.
As
incertezas são muitas diante da minha fé pequena, que no momento seguinte se agiganta - quando
pulsa a presença divina e sopra no meu ouvido: confiança na ajuda sempre presente
do mundo espiritual.
Ahh, pai, pensei que jamais reconstruiria o ninho. Precisei
me desfazer. Precisei acender fogueira e exorcizar aquela dor que me
dilacerava.
A força dessa chama reverbera nos meus batimentos cardíacos.
Aquece. Vitaliza. E me alerta: ainda não acabou.
Com certeza não. Mas clamo por trégua. Deitar e acordar e me
deliciar com os tons fortes e tão eu que tingem minhas paredes.
Mas também sei que nada terá valor se a coragem me faltar. E sinto que não me falta... Essa
valentia corre em minhas feias. Mas por ora preciso descansar no seu colo, Pai.