2 de mai. de 2020

Quarentena Parte 2




46 dias de confinamento. 

A vida corre lá fora e observo por uma fresta. Ora a passagem de luz é estreita que beira a escuridão, ora o pequeno facho se faz clarão. 

Assim dia após dia observo, mergulho, afundo, busco ar e me agito nessa imensidão chamada tempo. E nessa mesma agitação repouso na calmaria, deslizo nas asas dos que me visitam diariamente. 


Me espanto delicadamente com o senhor da noite, que exibe tanto mistério. 

Percebo a divindade nas asas aveludadas do morcego, nas cores reluzentes do colibri ou no amarelo solar das cambacicas.



Eles chegam e levam  o que me agitava. O pensar se esvai, esvazio e fico com aquela imagem congelada, que se movimento na minha alma.




Limpo as lentes, fecho os olhos e adormeço. Mas antes agradeço a presença de seres tão pequenos e iluminados. Presença essa que preenche tanta ausência e me recompõe dia a dia.

A natureza me encanta, mas antes me ensina tanto.